Uberaba recebe espetáculo teatral do grupo Ponto de Partida

O grupo Ponto de Partida, de Barbacena (MG), apresenta neste fim de semana a peça Vou Voltar no Centro Cultural Sesiminas José Maria Barra em Uberaba. Serão duas sessões na cidade: a primeira neste sábado (30), às 20h, e a outra no domingo (1º de julho), às 19h.

Os ingressos estão à venda na bilheteira do teatro. O valor é R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia). Funcionários da Indústria, do Sistema FIEMG e associados ao Clube SESI tem desconto e pagam R$ 20.

Com quase 40 anos de estrada, o Ponto de Partida é uma companhia de repertório itinerante e independente com 20 profissionais em exercício permanente. O grupo criou métodos e processos de produção e criação e desenvolveu uma linguagem própria em seus 34 espetáculos. Nestes anos, a companhia trabalhou com figuras referenciais da cultura brasileira como Milton Nascimento, Fernanda Montenegro, Jorge Amado e Adélia Prado.

O novo espetáculo Vou Voltar conta a história do exílio do grupo de teatro El Galpón mais antigo da América Latina, construindo um diálogo emocionado com o público sobre a questão dos refugiados dos refugiados e das tantas fronteiras que nos catalogam e nos impedem de transitar.

Durante a Ditadura Militar, no Uruguai e em grande parte da América Latina, o grupo foi decretado ilegal. Seu teatro e todos os seus bens foram confiscados, seus principais atores proibidos de atuar, seus diretores presos e torturados. Soltos por pressão internacional, parte do grupo pediu asilo na embaixada mexicana e se refugiou no México, onde permaneceu por nove anos.

O inusitado é que, mesmo exilados, eles se mantiveram em atividade como grupo de teatro. Cortaram o México de ponta a ponta fazendo espetáculos e apresentaram-se em 17 países. Depois de cada apresentação, denunciavam a situação política do Uruguai e da América Latina e construíram uma rede de solidariedade.

Esta história é o pano de fundo do espetáculo, que também quer prestar uma homenagem aos milhares de artistas que foram perseguidos ao longo da História e se mantiveram firmemente ancorados às suas convicções, à poesia e a beleza, ao compromisso de reinventar e recontar a vida.

A peça trabalha com o sentimentos das pessoas refugiadas, mostrando o medo, a perda da identidade, o acolhimento, a rejeição, a coragem, a violência, as opções políticas e econômicas que impelem milhares e milhares de seres humanos a deixar suas casas e buscar refúgio.

Vou Voltar está fincado numa extensa pesquisa teórica e de campo. A base conceitual se estruturou sobre horas incontáveis de leituras e seminários conduzidos por especialistas. A investigação de campo aconteceu no Uruguai, com os protagonistas desta história, que a entregaram aos atores do Ponto de Partida em depoimentos comoventes.